O OLHAR DA DISTÂNCIA
Para Fiama Hasse Pais Brandão
e Maria Teresa Dias Furtado
As barcas partem sempre novas, renovadas.
No fôlego que habitou a noite,
a errância expandiu-se, talvez se expanda ainda,
sob as ondas que gritam mais alto
o sussurrar do vento.
Na sumária distância, a retina regista pausas, letras,
frutos e raízes que a serenidade transporta,
porque a amizade bebe as suas águas,
no silêncio sagrado,
bálsamo luminoso que mitiga a dor,
em seus lagos perenes, em seus laços incólumes.
Sobre relógios aquáticos, flutua um rosto,
uma mulher, o seu nome é fábula,
o seu olhar, talhado nos versos da natureza,
paira nas florestas,
onde os pássaros cantam ainda a noite antiga.
No labor oculto, o destino tece, destece,
sob o olhar que escurece,
as recordações recolhem a água, o rosto,
o mundo, o seu sorriso,
e o olhar de Medeia aparece, impresso
no coração das folhas rubras.
Maria do Sameiro Barroso
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